Uma tradição de família com mais de 80 anos, história contada por Antônio Benedicto Gomes 

 “Eu me chamo Antônio Benedicto Gomes, Nasci na cidade de São João Del Rei – estado de Minas Gerais, hoje, pela misericórdia de Deus, estou com 88 anos. Mas vivi mais a minha vida aqui na cidade de Itapetininga. 

 La em São João Del Rei o meu pai era militar, sargento do exército, ele era do batalhão 11 RI e veio aqui para Itapetininga no quinto BC, aonde é a DER ali na rua General Carneiro, no tempo da guerra ele veio transferido pra essa cidade no ano de 1942 e três anos depois trouxe a nossa família, em 1945, aonde viemos morar na rua Pedro Marques 622, bem em frente a cadeia pública daquela época. 

Eu tinha duas irmãs mais velha do que eu e um irmão mais novo, nos chorávamos muito de saudade de São João Del Rei, mas com o tempo nós nos acostumamos e toda tristeza se tornou alegria na nossa família 

Eu vim com oito anos, casei-me, criei meus filhos, hoje tenho meus netos e meus bisnetos, posso dizer que sou um homem muito feliz porque vim morar nessa cidade. 

Meu pai, além de ser sargento do exército, ele também era ourives, e quando ele trouxe a família de minas, ele também trouxe todas as ferramentas e aqui encerrou sua carreira, pois veio a falecer. 

Com dez anos eu comecei a trabalhar de ourives. Aconteceu um fato interessante comigo na época da escola, onde meu pai tomou a decisão de que eu não ia mais estudar e sim aprender a profissão com ele. 

Passou o tempo e eu aprendi tudo com o meu pai, depois passei pro meu filho André. E Deus tem abençoado muito, fazem mais de setenta anos que estamos trabalhando de ourives aqui. Essa oficina é a tradição, ela não pode acabar, a hora que meu filho parar tem a minha neta que vai continuar, a primeira mulher ourives de Itapetininga 

Meu pai cumpriu a missão dele aqui, eu cumpri a minha, e espero que meu filho vai cumprir a dele também. “ 

 Antônio fez muitas alianças de casamento e se tornou o melhor gravador da cidade, ele conta que aprendeu sozinho a arte da gravação, escondido de seu pai. “Quando ele saia pra resolver alguma coisa, ir no banco... Eu ficava gravando.”  

 Ele também conta histórias de quando era criança e garimpava ouro na rua de sua casa, ainda em São João Del Rei. 

“O rio descia da serra e passava em frente à minha casa, o nome desse rio era Rio acima, os garimpeiros separavam as pedras com a esteira e caia bastante pepita de ouro que descia o rio, e eu garimpava com a bateia lá em baixo. 

 Ele também conta que uma das primeiras peças que ele fez foi uma coroa de Nossa Senhora Aparecida, encomendada por uma senhora que fez uma promessa, se seu filho passasse no vestibular para medicina, ela faria uma coroa de ouro para a santa. 

 Antônio conta que trabalhou 60 anos na área, e que fez alianças de casamento de casais, que hoje, o procurar para confeccionar as alianças de comemoração das bodas de ouro do matrimônio. Para ele, esse é um dos momentos mais gratificantes em sua profissão. Assim como seu pai, já confeccionou peças até para fora do país. 


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